domingo, 29 de maio de 2011

Minha Vida: Minha bisavó

De todos da minha família, naquela época a única que eu não gostava era a minha bisavó, mulher forte independente, mineira roceira das antigas mesmo, aquela era macho de verdade, ela morava em uma outra favela, em um outro bairro, e em sua casa ela construiu um segundo andar e deu para o meu tio, o filho mais velho da minha avó morar com sua esposa, uma mulher de personalidade fortíssima, mas que eu respeitava muito, pois comigo ela era um doce, e suas 2 filhas, que viviam implicando comigo. Frequentemente a minha avó ia passar fins de semanas lá, e sempre tinha que me levar, que merda, logo que chegava as minhas 2 primas que apesar de pequenas na época, eram super levadas, e implicantes para comigo, sempre me arrumavam confusão, mas aos olhos da minha bisavó, elas eram santas inocentes, e eu sempre acabava pagando o pato, a minha bisavó tinha em seu quintal, um mini bambuzal, e sempre, mas sempre mesmo que eu ia lá, ela quebrava uma vara e me dava surras violentas de me deixar marcado, sempre pelo mesmo motivo, para defender as queridinhas dela, e cada surra que eu levava dela, mais e mais eu passava a odia-la mais ainda.
Mas eu crescia, e começava a peita-la, e as surras iam diminuindo.
Sabe o que eu mais acho engraçado, e ao mesmo muito triste disso tudo? É que eu era o unico que a odiava, e todos a adoravam, mas próximo dos seus últimos dias de vida, ela teve pneumonia e ficou muito mal, ao ponto de não poder ficar sozinha, e acabou vindo passar um tempo conosco, para que a minha avó pudesse tomar conta dela, e ela sentia fortes dores, e não conseguia dormir, então a noite inteira, a madrugada inteira, ela vivia gemendo de dor, e tossindo muito, ao ponto de ninguém consegui dormir por conta do barulho altíssimo, e todos xingavam muito ela: _Puta qu pariu, essa velha não vai dormir não, eu quero dormir porra, amanhã eu tenho que acordar cedo para ir trabalhar? Minha tia, meu tio, a minha avó, todos a maltratavam com duríssimas palavras, o meu tio, o irmão mais novo da minha mãe, chegou ao ponto de dizer: _Porra essa velha não vai morrer não? E eu era o único que não reclamava, eu era o único que sentia pena dela, eu ficava calado, mais por dentro a minha vontade era de defende-la daquelas atitudes bizarras dos meus famíliares, logo eu que era o único que a odiava, fui o único que em um grande momento de necessidade dela não fiquei contra ela, nem fiquei desejando o seu mal, é nesses momentos infelizes, que você ve a real natureza, e os verdadeiros sentimentos e carater das pessoas.
Ela teve uma morte muito triste, morreu internada em um hospital, vítima de uma doença dolorosa e sofreu muito antes do seu fim.
Eu ja não a odiava mais nessa época...

Continua

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